Avaliação Psicopedagógica Clínica

É dirigida a crianças e adolescentes que apresentam dificuldades, nomeadamente em termos da aprendizagem, isto é, dificuldades na leitura, na escrita, no cálculo, no grafismo, ou em termos instrumentais, na expressão verbal, no raciocínio lógico-matemático, dificuldades de atenção/ concentração, entre outros. Pode ainda dirigir-se aos alunos com indicadores de insucesso escolar ou que apresentem dificuldades ao nível das técnicas e métodos de estudo.
 
Como diz Cagliari (1998): "aprender é um acto individual, depende muito da história de cada aluno, dos seus interesses e do seu metabolismo intelectual".
 
 
 
Pode dizer-se que a avaliação psicopedagógica clínica é um processo de investigação, dirigido a partir da queixa do próprio, da família ou da escola. Neste processo, delimitado no tempo, para além de ouvidos o sistema escolar e familiar onde a criança/jovem está inserido, recorre-se também a uma série de instrumentos de avaliação que visam compreender de forma integrada as áreas motora, emocional, cognitiva e pedagógica. O objectivo não é rotular o aluno, mas sim obter uma compreensão global da sua forma de aprender, os desvios que ocorrem e os caminhos para potencializar capacidades existentes. 
 
A relação que se estabelece com a criança no momento da avaliação é de per si um elemento fundamental deste processo. A linguagem que medeia a relação é uma das funções cognitivas mais solicitadas no processo de aprendizagem. É por via deste recurso que a criança acede ao conhecimento e se relaciona com o mundo. Pode pois ser considerada um instrumento lógico, mas também analiítico do conhecimento. 
A leitura e a escrita são uma segunda modalidade, ou pele da linguagem. Sendo estas uma invenção humana, socialmente construída, elas são absolutamente fundamentais na nossa vida. Para o aluno, elas são os alicerçes para ulteriores aprendizagens e, se para alguns alunos estas acontecem como que naturalmente, para outos constituem-se como tarefas árduas, tantas vezes cheias de insucesso e causa de tristeza e frustração, quer para o próprio, quer para pais e professores.
 
 
Áreas de Avaliação:
 
Área emocional- avalia-se a situação afectiva do aluno nos diferentes contextos onde se insere, social, escolar e familiar; O objectivo é estudar os conteúdos afectivos constitutivos e a sua relação com a aprendizagem, perceber o papel que o aluno ocupa na família, na escola, no grupo de pares, as interrelações entre eles, bem como os seus conflitos, sonhos, desejos, medos, alegrias...
Área Motora- avalia-se o perfil neuro-sensorio-motor- (motricidade, lateralidade, etc.).
Área Pedagógica- avalia-se os processos inerentes à leitura, escrita e cálculo. Na escrita avalia-se desde a posição do papel, postura para escrever, velocidade da escrita, etapa de desenvolvimento do grafismo, tipo de erros ortográficos, qualidade da escrita, etc. Na leitura avalia-se velocidade, ritmo, postura, etc; no cálculo as relações de tamanho, conceito de permanência de quantidade, compreensão das quantidades e dos signos (números).
Área Cognitiva- Avalia-se memória, percepção, atenção, processamento visual, processamento fonológico, raciocinio lógico,  etc.
 
 

Etapas do Processo de Avaliação

- Entrevista com o(s) elementos cuidadores, ou com a pessoa/entidade que faz o pedido (clarificar pedido, anamnese...);
- Entrevista com o aluno (dependendo do nível etário, poder-se-á recorrer ao desenho ou ao jogo) e realização de CAT ou TAT;
- Processo de testagem com recurso a testes/baterias gerais (WISC, WPPSI) e específicos, dependendo do pedido;
- Integração dos resultados, elaboração de relatório e devolução das conclusões e recomendações, quer aos cuidadores, quer à escola (psicólogo escolar, director de turma, professor).